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Para compreender os acontecimentos da atualidade, precisamos
conhecer os acontecimentos do passado. Falar em influência da cultura italiana
na literatura brasileira não é apenas tratar das chamadas palavras
“macarrônicas” que vemos na obra de Juò Bananère[1], ou dos personagens
italianos estereotipados que vemos na novela das nove. Nem nas pessoas que
aparecem na obra de Zélia Gattai[2], mas também, refletir sobre o processo de
inserção dos italianos no Brasil, e mais especificamente em São Paulo.A imigração italiana no Brasil aconteceu principalmente entre os
anos 1880 e 1930. Devemos lembrar que a Unificação Italiana acontece no ano de
1861, e as guerras de unificação foram muito importantes, também, para a
emigração da população. Pelo fato de a economia estar debilitada, os pequenos
proprietários perdiam para as grandes propriedades rurais. Muitas dessas
pessoas deixavam a Itália que vivia um cenário onde houve grande crescimento
populacional e ao mesmo tempo avanço acelerado da industrialização, motivo pelo
qual muitos italianos perderam seus empregos. Pressionado pela Inglaterra, o
Brasil acaba com o tráfico negreiro, e a falta de mão-de-obra nas plantações de
café é solucionada com a chegada dos imigrantes. Este era o contexto da
população italiana em terras brasileiras na época: vindos da Europa, para a
América com a perspectiva de novas oportunidades e melhor qualidade de vida,
passaram a trabalhar nos cafezais. No entanto, dois fatores foram decisivos
para a redução da imigração italiana no Brasil: o Decreto Prinetti, promulgado
em março de 1902, proibiu os subsídios da viagem que o governo italiano pagava.
Ademais, quando no poder, Benito Mussolini decidiu controlar a emigração
italiana. Nos livros “Brás, Bexiga e Barra funda”[3] do Antônio
Alcântara Machado, “Anarquistas, graças a Deus”[4] da Zélia Gattai” e “A
divina increnca” de Juò Bananère[5], podemos notar influências da cultura
italiana no campo literário. A começar pelo livro do Alcântara Machado, é fácil
notar a presença incisiva da população italiana nesses bairros que compõem o
título. Uma ressalva importante é de que, como lemos em um dos contos no qual o
autor cita um armazém cujo dono é italiano, a transformação do comércio na
cidade paulista tem grande mérito dos italianos. Nomes como Matarazzo[6] e
Crespi[7] são bastante importantes para a indústria paulistana, e nessa
época – e ainda hoje- era comum ver comércios como armazéns e oficinas
administrados por italianos.Dentre os três livros que separei, escolhi o da Zélia Gattai para
abordar a influência italiana na nossa literatura. A começar pelo título:
“Anarquistas, graças a Deus”, o leitor encontra na obra a razão do nome do
livro. Zélia é descendente de italianos, sendo a primeira geração da família
que nasce no Brasil, seus pais vieram da Itália. Os pais da autora não fazem
bem o tipo padrão de italiano nesse quesito, não eram religiosos e tampouco
conservadores. Liam obras de Marx, Engels e Dostoievski, compareciam a reuniões
anarquistas e sindicalistas e eram bastante ativos politicamente, sabiam
de tudo que acontecia no mundo, acompanhavam os jornais e estavam sempre
discutindo sobre vários assuntos. Em um capítulo do livro, Zélia cita o caso de
Sacco e Vazetti[8], ele ilustra muito bem a característica sindical do italiano
dessa época. Os dois eram imigrantes italianos que trabalhavam como operários
nos Estados Unidos e foram presos e condenados à pena de morte por um crime que
disseram não ter cometido[9]. Esse é um dos vários momentos em que podemos
identificar traços italianos nas personagens, outro exemplo são os palavrões
que elas usam principalmente quando querem expressar raiva, como o pai da
autora, que em certa altura do livro, diz: “Porca miséria!”[10], expressão
bastante usada pelo povo italiano. No entanto, devemos considerar que não era
pouca a quantidade de imigrantes que veio para o Brasil, eles se espalharam
principalmente pelos bairros do Brás, Mooca, Bexiga e Barra Funda. Vieram
pessoas de várias regiões da Itália, logo, São Paulo recebia uma população que
vinha do mesmo país, porém, tinha diferenças entre si, de cultura, fala e
costumes. Os que habitavam no sul do país passaram a morar, em sua maioria no
Brás, e eram bastante diferentes dos que vinham de Vêneto, por exemplo. Os
italianos estavam tão concentrados nesses bairros que viviam e também
trabalhavam ali, a mãe de Zélia trabalhava numa fábrica de tecidos no Brás,
enquanto seu pai trabalhava numa oficina na Rua Barão de Itapetininga, antes de
montar seu próprio negócio, na Alameda Santos, onde a família morava.A menina Zélia cresceu
ouvindo os pais, familiares e vizinhos falando e contando histórias em
italiano, tudo isso adicionava ao seu imaginário todo um estilo italianizado. A
própria realização de uma obra que conta histórias revela uma característica
desse povo, assim como sua mãe contava histórias para as filhas em italiano,
muitas vezes sobre os parentes da Itália, Zélia passou a contar as histórias da
sua infância, toda marcada por vizinhos e familiares imigrantes, para as
filhas. Daí nasce um livro maravilhoso, que além de agradar pelos relatos
verdadeiros, nos mostra um mundo que é a mistura do italiano com o paulista e
um cenário da cidade de São Paulo que nos interessa muito conhecer, pois é a
nossa história, e até hoje somos marcados pela vinda desse povo.
Per comprendere
l'attualità, abbiamo bisogno di conoscere gli eventi del passato. Parlare
dell'influenza della cultura italiana nella letteratura brasiliana non è
soltanto parlare delle parole chiamate "macarrônicas" che vediamo nel
lavoro di Juo Bananére [1], o dei personaggi stereotipati italiani che vediamo
nel teleromanzo delle nove ore nella TV. Neanche nelle persone che
appaiono nel lavoro di Zelia Gattai [2], ma anche riflettere sul processo
di integrazione degli italiani in Brasile, e più precisamente a San Paolo.L'immigrazione
italiana in Brasile si è svolta principalmente tra gli anni 1880 e 1930.
Dobbiamo ricordare che l'Unità italiana avviene nel 1861, e le guerre di
unificazione sono stati molto importanti, anche per l'emigrazione della
popolazione. Vedendo un'economia debole, i piccoli coltivatori hanno perso per
le grandi aziende agricole. Molte di queste persone hanno lasciato l'Italia che
viveva uno scenario in cui c'è stata una grande crescita della popolazione e
allo stesso tempo un accelerato avanzo di industrializzazione, motivo per
cui molti italiani hanno perso il lavoro. Sotto pressione dell’Inghilterra, il
Brasile smette di portare schiavi dall’Africa, e la mancanza di manodopera
nelle piantagioni di caffè è stata risolta con l'arrivo degli immigrati. Questo
era il contesto della popolazione italiana in territorio brasiliano in quel
momento: venuti dall'Europa all'America con la prospettiva di nuove opportunità
e una migliore qualità di vita, hanno iniziato a lavorare nelle
piantagioni di caffè. Tuttavia, due fattori sono stati decisivi per la
riduzione dell'immigrazione italiana nel Brasile: il decreto Prinetti, emanato
marzo 1902, ha vietato i sussidi di viaggio che il governo italiano
pagava. Inoltre, quando al potere, Benito Mussolini ha deciso di controllare
l'emigrazione italiana.Nei libri
"Brás, Bexiga e Barra funda" [3] di Antonio Alcantara Machado,
"Anarquistas, graças a Deus" [4] di Zelia Gattai "e"
La Divina Increnca "di Juo Bananére [5], possiamo vedere le influenze
della cultura italiana nel campo letterario. Partendo dal libro di Alcantara
Machado, è facile vedere la presenza effettiva della popolazione italiana in
questi quartieri che compongono il titolo. Un avvertimento importante è che,
come leggiamo in uno dei racconti in cui l'autore cita un magazzino di
proprietà italiana, la trasformazione del commercio nella città di San Paolo ha
grande merito degli italiani. Nomi come Matarazzo [6] e Crespi [7] sono molto
importanti per l'industria di San Paolo, e in quel momento - e ancora oggi -
era comune vedere negozi come magazzini e negozi gestiti da italiani.Dei tre libri
che ho letto, ho scelto quello di Zelia Gattai per riflettere
sull'influenza italiana sulla nostra letteratura. A partire dal
titolo:"Anarquistas, graças a Deus” (Gli anarchici, grazie a Dio) il
lettore trova nell’opera la ragione del titolo del libro. Zelia è di origine
italiana, la prima generazione della famiglia nata in Brasile, i suoi genitori
sono venuti dall’IItalia. I genitori dell'autora non fanno molto il tipo
padrone di italiano a questo proposito, non erano religiosi, né conservatori.
Leggevano opere di Marx, Engels e Dostoievski, hanno partecipato alle riunioni
anarchici e sindacalisti e sono stati molto attivi politicamente, sapevano
tutto quello che succedeva nel mondo, accompagnavano i giornali e discutevano
sempre vari argomenti. In un capitolo del libro, Zelia parladi Sacco e Vazetti
[8], che illustra molto bene la caratteristica sindacale dell’italiano di
questa epoca. I due erano immigrati italiani che lavoravano come operai negli
Stati Uniti e sono stati arrestati e condannati a morte per un crimine che
hanno detto non aver commesso. [9] Questa è una delle molte volte che siamo in
grado di identificare i tratti italiani nei personaggi, un altro esempio sono
le parolaccie e bestemmie che loro usavano soprattutto quando volevano
esprimere la rabbia, come il padre dell'autora, che in qualche brano
dell’ibro, dice: "Porca miseria" [ 10], espressione spesso
usata dal popolo italiano. Tuttavia, bisogna considerare che non era piccola la
quantità di immigrati che sono venuti in Brasile, si sono diffusi
principalmente attraverso i quartieri di Brás, Mooca, Bexiga e Barra Funda. La
gente veniva da varie regioni d'Italia, in modo che San Paolo ha ricevuto una
popolazione proveniente dallo stesso paese, però, che aveva differenze nella
cultura, nel linguaggio e nelle abitudini. Coloro che vivevano nel sud si sono
trasferiti in maggioranza al Brás, ed erano ben diversi da quelli che
provenivano dal Veneto, per esempio. Gli italiani erano così concentrati in
questi quartieri che vivevano e anche lavoravano, la madre di Zelia lavorava in
una fabbrica tessile di Brás, mentre il padre lavorava in un negozio alla via
Barão de Itapetininga, prima di aprire il suo proprio negozio, allla via
Alameda Santos, dove la famiglia abitava.La ragazza Zelia
è cresciuta ascoltando i genitori, parenti e vicini a parlare e
raccontare storie in italiano, tutto questo aggiungevagli uno stile italiano
nel suo immaginario. La propria realizzazione di un'opera che racconta storie
rivela una caratteristica di questo popolo, come sua madre ha raccontato storie
in italiano, spesso sui loro parenti che abitavano in ’Italia, Zelia ha
cominciato a raccontare alle sue figlie le storie della sua
infanzia, tutte caratterizzate dai vicini, parentele e immigrati italiani.
Nasce un libro meraviglioso, che inoltre a soddisfare con i veri racconti, ci
mostra un mondo che è un misto tra l'italiano e il paulistano e il paesaggio
della città di San Paolo che ci interessa tanto sapere, perché è la
nostra storia, e fino ad oggi ci sono segni dell’arrivo di queste persone.
[1] Escritor brasileiro, nasceu em São Paulo em 1892, e morreu em 1933. Autor da obra “La Divina Increnca”.[2] Escritora brasileira, nasceu em São Paulo em 1916, e morreu em Salvador, em 2008. Autora da obra “Anarquistas, graças a Deus”.[3] MACHADO, Antônio de Alcântara. (1901-1935). “Brás, Bexiga e Barra Funda”. In: Brás, Bexiga e Barra Funda e outros contos. São Paulo: Moderna. 2ª edição, ano 2006.[4] GATTAI, Zélia. (1916-2008). In: Anarquistas, graças a Deus. Rio de Janeiro: Record. 31ª edição, ano 2000.[5] BANANÉRE, Juó. (1892-1993). In: La Divina Increnca. São Paulo: Editora 34. 1ª edição, ano 2001.[6] A Matarazzo iniciou suas atividades na cidade em 1937 instalando-se em antigos galpões da Companhia Marcondes de Colonização, Industria e Comércio, adquiridos e transformados arquitetonicamente nos padrões das empresas Matarazzo. In: http://www.culturapp.com.br/index.php/equipamento/centro-cultural-matarazzo/
[1] scrittore brasiliano, nato a San Paolo nel 1892, e morto nel 1933. Autore del libro "La Divina Increnca".[2] autore brasiliano, nato a San Paolo nel 1916, e morto a Salvador, nel 2008. Autore del libro "Anarchici, grazie a Dio."[3] MACHADO, Antonio Alcantara. (1901-1935). "Brás, Bexiga e Barra Funda." In: Brás, Bexiga e Barra Funda e altri racconti. Sao Paulo: Moderna. 2a edizione, 2006.[4] Gattai, Zelia. (1916-2008). In: anarchici, grazie a Dio. Rio de Janeiro: Record. 31a edizione, 2000.[5] Bananére, Juo. (1892-1993). In: La Divina Increnca. Sao Paulo: Editora 34. 1a edizione, 2001.[6] La Matarazzo ha iniziato ad operare nella città nel 1937 stabilissendosi in magazzini della Società Marcondes Colonizzazione, Industria e Commercio, acquisiti e trasformati architettonicamente nei modelli delle imprese Matarazzo. In: http://www.culturapp.com.br/index.php/equipamento/centro-cultural-matarazzo/[7] Rodolfo Crespi (Busto Arsizio, 30 marzo 1874 - San Paolo, 27 gennaio 1939) è stato un immigrato italiano che viveva a San Paolo, dove ha costruito uno dei più grandi gruppi industriali del Brasile nella prima metà del XX secolo. In: http://pt.wikipedia.org/wiki/Rodolfo_Crespi[8] Gattai, Zelia. In Anarchici, grazie a Dio. Rio de Janeiro: Record. 31a edizione, 2000. Pg 217.[9] In: http://www.vermelho.org.br/coluna.php?id_coluna_texto=996[10] Gattai, Zelia. In anarchici, grazie a Dio. Rio de Janeiro: Record. 31a edizione, 2000. Pg 147.Fonti di ricerca: http://www.vermelho.org.br/coluna.php?id_coluna_texto=996http://pt.wikipedia.org/wiki/Imigra%C3%A7%C3%A3o_italiana_no_Brasilhttp://brasil500anos.ibge.gov.br/territorio-brasileiro-e-povoamento/italianos/razoes-da-emigracao-italianahttps://www.youtube.com/watch?v=kX9hskUwodI (Intervista Zelia Gattai)https://www.youtube.com/watch?v=ETRR0bdO5JI (Estratto dal telefilm Anarchici, grazie a Dio ")
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