Foto: Cosac Naify |
“As pequenas virtudes” divide-se em duas partes compostas por 11
textos. Na primeira parte, lemos registros da memória da escritora sobre
lugares onde ela morou (“Elogio e lamento da Inglaterra”) e sobre a relação
dela com o marido (“Ele e eu”). Natalia escreve de uma forma serena e bonita,
que por vezes parece boicotá-la, pois deixa-nos com a impressão de que está
fazendo piada, ou ridicularizando a si mesma. De fato, isso faz parte da
escrita da autora. No entanto, o que mais me encantou nesse inicio de livro foi
o texto “Os sapatos rotos”. Em italiano, “rotto” significa quebrado/danificado,
quando li esse título, já imaginei um conto com sabor de nostalgia, de passado.
O meu bom presságio estava correto, neste texto descobrimos uma fase da vida de
Natalia na qual ela só possuía um par de sapatos, que eram “rotos” ou “rotti”,
o surpreendente, é que ela faz disso uma boa notícia – Vejam só meus sapatos!
– “No período alemão eu estava sozinha aqui, em Roma, e tinha apenas um
par de sapatos. Se fosse levá-los ao sapateiro, teria de passar dois ou três
dias na cama, e isso não era possível. Assim continuei a usá-los, (....) É por
isso que ainda hoje uso sempre sapatos rotos, porque me lembro daqueles , e
então estes não me parecem tão ruins em comparação, e se tenho dinheiro prefiro
gastá-los com outras coisas, porque os sapatos já não me parecem algo de muito
essencial”.A segunda parte da obra é marcada por uma sinceridade muito bonita.
É de se notar no livro inteiro que Natalia está nos contando tudo com muita
sinceridade e honestidade, porém, no texto “O meu ofício”, a autora fala sobre
o seu fazer artístico, a sua escrita – o que parece-me bastante íntimo -, além
do mais, é na segunda parte da obra que encontramos o texto “As pequenas
virtudes”, que dá nome ao livro. Ao lermos, deparamo-nos com uma delicadeza que
ao mesmo tempo em que é singela, é também bastante pragmática. Natalia fala
sobre a relação com os filhos, e de como devemos ensinar a eles não as pequenas
virtudes, mas as grandes virtudes. Ao fazer isso, ela não só está nos contando
a melhor forma de educar as crianças, mas também está colocando a mão nos
nossos ombros e dizendo “Sei como todos nós fazemos isto, mas veja bem no que
isto implica...”, isto é, reparamos nas nossas pequenas virtudes, que podem ser
ilusórias e exageradas, mas são pequenas, pois as grandes, essas são
verdadeiras e simples. Simples é a palavra para este livro.
Autora: Natalia
Ginzburg
Editora: Cosac Naify
Tradução: Mauricio Santana Dias
Foto: Cosac Naify |
"As pequenas virtudes" è diviso in due parti
che compongono 11 testi. Nella prima parte, leggiamo i ricordi sui luoghi dove
ha vissuto Natalia ("Elogio e lamento da Inglaterra ") e sul suo
rapporto con il marito ("Ele e eu"). Natalia scrive in maniera calma
e bella, che a volte sembra di boicottare sé stessa e perché ci lascia con
l'impressione che sta scherzando o ridicolizzandosi . In realtà, questo fa
parte della scritta dell'autrice. Tuttavia, mi sono incantata, in questa prima
parte del libro, con il testo "Os sapatos rotos". In italiano,
"rotto" significa danneggiato, quando ho letto il titolo, ho
immaginato un racconto al gusto di nostalgia, passato. Il mio buon auspicio era
corretto, in questo testo troviamo una fase della vita di Natalia nella quale
lei possedeva solo un paio di scarpe, che erano rotti, il sorprendente è che
lei rende questa una buona notizia – guarda le mie scarpe! –"Nel periodo
tedesco ero da solo qui a Roma e avevo solo un paio di sparpe.. Se dovessi
portarle dal calzolaio, avrei dovuto trascorrere due o tre giorni a letto, e
questo non era possibile. Così ho continuato a usarli, (...) Ecco perché oggi
io uso sempre scarpe rotte, perché mi ricordo di quelli e quindi questi non
sembrano così male in confronto, e se ho soldi io preferisco spendere con altre
cose, perché le scarpe non sembrano più come qualcosa di molto essenziale".La
seconda parte del lavoro è segnata da una sincerità molto bella. Deve essere
notato in tutti i testi del libro che Natalia ci sta dicendo tutto con molta
sincerità e onesta, tuttavia, nel testo "O meu ofício", l'autrice
parla della sua pratica artistica, della sua scrittura – che per me
sembra piuttosto intimo –, inoltre, è nella seconda parte del lavoro che troviamo
il testo "As pequenas virtudes", che dà il nome al libro. Quando lo
leggiamo, ci troviamo di fronte a una delicatezza che, pur essendo semplice, è
anche abbastanza prammatica. Natalia parla della relazione con i bambini, e
come dobbiamo insegnargli non le piccole virtù, ma le grandi virtù. In questo
modo, lei non solo ci dice la migliore forma di educare i figli, ma sta anche
dicendoci: "Io so come tutti noi facciamo questo, ma guarda in che cosa
questo implica..." cioè, ci rendiamo conto delle nostre piccole virtù, che
possono essere illusorie ed esagerate, ma sono piccole, perché le grandi,
queste sono vere e semplici. Semplice è la parola per questo libro.
Autrice: Natalia GinzburgCasa
Editrice:Cosac Naify
Traduzione: Mauricio Santana Dias
Autrice: Natalia GinzburgCasa
Editrice:Cosac Naify
Traduzione: Mauricio Santana Dias
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